O desemprego segue aumentando, assim como o custo de vida com ênfase nos serviços básicos como a energia, comida e gás
Esta semana a capital cearense protagonizou uma cena dilacerante na mídia nacional, várias pessoas, sobretudo mulheres negras, disputavam entre si e com os trabalhadores da coleta urbana por alguma sobra de comida que, por ventura, encontrariam ali nos sacos de lixo de um dos bairros mais ricos de Fortaleza. Não faz muitos dias, estamparam as manchetes, filas e mais filas de pessoas nas portas de açougues a procura de ossos.
Imagens que pareciam ter ficado na memória quando o Brasil saiu do mapa da fome agora retornam ao nosso cotidiano. Mas precisamos pensar um pouco sobre como retornamos para essa situação.
O desemprego segue aumentando, assim como o custo de vida da população, com ênfase nos serviços básicos como a energia, comida, gás e aluguel. O que explica o número cada vez maior de pessoas em situação de pobreza extrema, passando fome ou entrando para a estatística de insegurança alimentar, enquanto o agronegócio tem ampliado seus lucros ou que a indústria alimentícia tem sete dos 15 bilionários com suas fortunas feitas no estado do Ceará, segundo dados da Forbes Brasil?
Sem falar na política do governo federal que parece não reparar que a fome também tem se transformado em uma pandemia em nosso país, afinal, estamos entrando na última parcela do auxílio emergencial e nada se fala sobre prorrogação, sem políticas públicas para retomada do emprego e garantia de aumento real do salário mínimo. E não vamos nem falar nos vários indícios de corrupção vinculados a cartão corporativo e vacinas, ou viagens governamentais que beneficiam a própria família e tantas outras situações que não param de aparecer na mídia. Dinheiro público que poderia estar a serviço da retomada da economia e da qualidade de vida do povo brasileiro. Não fossem as ações de governos estaduais para combater os efeitos das crises sanitárias e econômica nossa situação estaria ainda pior.
O vírus da fome volta a rondar os lares brasileiros se somando ao vírus da covid-19 que, infelizmente, ainda não está controlado em nosso país. A CPI da Covid está se encerrando e nela o presidente deve ser indiciado por pelo menos 11 crimes, mas se for feita uma CPI da fome, por quantos crimes mais esse governo não seria indiciado?
Edição: Francisco Barbosa
Fonte: Brasil de Fato