Dimas Covas Neto, diretor do Instituto Butantan, afirma que, no momento, Brasil não tem doses de vacinas nem mesmo para imunizar os idosos até o meio do ano, daqui a dois meses
Em live com a XP Investimentos nesta segunda-feira (5) – mesmo dia em que a empresa divulgou pesquisa que coloca o ex-presidente Lula à frente de Jair Bolsonaro já no primeiro turno das eleições 20222 -, o ministro da Economia, Paulo Guedes, mentiu a agentes do sistema financeiro dizendo que a chamada “imunidade de rebanho” da Covid-19 será alcançada entre 3 e 4 meses.
“Espero que em três ou quatro meses a gente atinja um ponto crítico de imunização de rebanho. Os prefeitos e governadores precisam olhar com muita atenção para o transporte público. O lockdown reduz a velocidade de contágio, é verdade, mas temos que ter protocolos em transporte público”, afirmou.
Não há, no entanto, nenhum estudo do Ministério da Saúde com expectativas sobre a hipóteses, que é rechaçada por muitos especialistas, já que há diversos casos registrados de reinfecção pela Covid-19 com variantes mais contagiosas do vírus.
Mesmo com a vacinação, o prazo dado por Paulo Guedes está distante da realidade. Em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (5), Dimas Covas Neto, presidente do Instituto Butantan – que produz a maioria das vacinas que estão sendo aplicadas – estima que até o meio do ano, daqui a dois meses, apenas a primeira faixa do plano de imunização, com profissionais de saúde e idosos, com idade acima de 60 anos, esteja imunizada.
“Essa população do Brasil representa 30 milhões de pessoas. Na primeira faixa também estão os profissionais de saúde e outros profissionais. Mas para vacinar apenas os idosos, que representam 70% na mortalidade, são necessárias 60 milhões de doses. Hoje estamos com pouco mais de 40 milhões de doses em curso. Somando as do Butantan e da Fioruz”, afirmou Covas Neto.
“Com o pé no chão, até o meio do ano você vai ter uma vacinação provavelmente de quem tem mais de 60 anos e provavelmente pode avançar um pouco mais na faixa dos 50 anos, incluindo também outros profissionais em risco. É isso que nós vamos ter até o meio do ano. Estamos falando de 40 ou 50 milhões de pessoas. E 100 milhões de doses de vacinas”, afirmou Covas Neto.
Para atingir a imunidade de rebanho é preciso que, no mínimo, 70% da população esteja vacinada.
FONTE: REVISTA FÓRUM
FOTO: Xinhua