País tem média diária de 64 mil casos e 1.800 mortes, patamar considerado elevado por autoridades de saúde. Enquanto vacinação atrasa, pandemia avança
São Paulo – O Brasil registrou nesta quinta-feira (27) mais 2.245 mortes em decorrência da covid-19 em um período de 24 horas. Também foram notificados 67.467 novos casos da doença. Os dados são o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), em boletim divulgado às 18h. O país chega assim a 16.342.162 de casos de covid confirmados e 456.674 mortes. A média móvel de mortes apurada nos últimos setes dias está em 1.797, ante 1.820 na véspera. Houve também uma pequena redução na média de casos, de 66.091 para 64.010.
Enquanto os registros oficiais apontam para uma estabilização num ponto elevado da curva de contaminações, a comunidade científica segue em alerta. Conforme informado ontem pela RBA, a média móvel de contaminação, a taxa de contágio e ocupação de leitos apontam para mais um recrudescimento da pandemia no Brasil. E assim, para a iminência de uma terceira onda. Em meio a esse cenário, Bolsonaro voltou ao microfone na tarde de hoje. Não para tratar da saúde e da vida dos brasileiros, mas para dirigir às Forças Armadas mais um discurso constrangedor.
O recado foi dado durante visita a São Gabriel da Cachoeira (AM), quando o presidente disse que “queremos paz, progresso e acima de tudo, liberdade”, e que esse “último desejo” passa pelos militares. E embora mais uma vez não tenha dito nada sobre os doentes e mortes, Bolsonaro atribuiu aos governadores a ausência de “liberdade” durante a pandemia. Isso porque, sem política nacional de combate ao coronavírus, resta aos governos locais adotar medidas de restrição com a finalidade de conter o contágio. O presidente também não comentou a crise provocada pelo atraso na vacinação.
A responsabilidade do governo federal por esse cenário foi mais uma vez exposta hoje durante o depoimento do presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, à CPI da Covid no Senado. Covas afirmou que, em outubro de 2020, o governo federal recusou oferta para aquisição de 100 milhões de doses da vacina CoronaVac, produzida pelo instituto em parceria com o laboratório chinês Sinovac. E que, do total, havia a previsão de entrega de 60 milhões de doses até dezembro do ano passado. Mas a negociação não prosperou após “manifestação do presidente Jair Bolsonaro”.
“Se nós fizermos aqui uma ‘conta de padaria’, juntando o que deixamos de comprar da CoronaVac com o que deixamos de comprar da Pfizer, aproximadamente até meados do mês de maio nós teríamos no Brasil algo em torno de 150 milhões de doses para a população. Quantas vidas teriam sido salvas, preservadas?”, questionou o senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da CPI da Covid.
Fonte: Rede Brasil Atual