Segundo a OMS, pouco mais de 2,2 bilhões de doses foram administradas. Destas, 75% para os sete países mais ricos do mundo, que concentram 10% da população mundial
A desigualdade marca o avanço da vacinação contra a covid-19 no mundo. Enquanto países ricos como Israel, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos já imunizaram mais da metade de sua população, em outros cantos do mundo o processo engatinha. No enfrentamento deste problema, o consórcio Covax Facility, da Organização Mundial de Saúde (OMS) segue devagar, com atrasos inevitáveis.
Ao todo, pouco mais de 2,2 bilhões de doses foram administradas até o momento. Destas, 75% para os sete países mais ricos do mundo, que concentram 10% da população mundial, de acordo com dados da OMS. A sede por vacinas fez com que muitas nações estocassem doses. Além disso, a explosão de casos e mortes por covid-19 na Índia, uma das maiores produtoras de insumos para vacinas do mundo, freou a compra de vacinas pelo consórcio da OMS. Agora, os asiáticos estão direcionando a produção para a própria população, de mais de 1,3 bilhão de pessoas.
Até o início deste mês, a Covax havia entregue apenas 81 milhões de doses pelo mundo. Para entidades como a Human Rights Watch e a Oxfam, a capacidade do consórcio não será suficiente para por fim à pandemia de covid-19. A estimativa das entidades dão conta de uma necessidade de 11 bilhões de doses neste ano. Contudo, as metas para o primeiro semestre já não devem se cumprir. A OMS classifica a desigualdade na vacinação como “um fracasso moral catastrófico para a humanidade”, conforme palavras do diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom.
Estímulo
Mesmo com as dificuldades, o consórcio trabalha para avançar com o programa. Na última semana, a OMS conseguiu captar fundos em uma rodada de negociações com investidores estrangeiros. A meta do encontro, que aconteceu no Japão, foi superada. E a Covax conseguirá 1,8 bilhões de doses adicionais a serem distribuídas entre o segundo semestre o início de 2022.
Soma-se a isso a iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que anunciou uma doação de 500 milhões de doses da Pfizer para a Covax Facility. A doação virá em forma de um “extra”, já que o governo Biden é um dos maiores financiadores do consórcio. As doses serão distribuídas para 91 países de baixa e média renda, como membros do Bloco Econômico Africano, Afeganistão e Fiji.
A preocupação dos Estados Unidos é manter mercado consumidor para sua economia que tenta se reerguer rapidamente, através de investimentos estatais massivos. Para que o plano de Biden se estruture com sucesso, a economia global precisa reagir em conjunto. Também existem fatores como a “diplomacia da vacina”, em que países exercem poder geopolítico através da doação de vacinas; e também o medo do surgimento de novas variantes do coronavírus resistentes aos imunizantes.
Vacinação
“Enquanto o vírus estiver a solta no mundo há risco de mutações que podem atacar nossas pessoas e isso diminui o crescimento da economia e enfraquece os governos”, disse Biden em anúncio da doação.
Com as ameaças da pandemia, as incertezas que envolvem vidas em todo o mundo e a recuperação econômica global persistem. Inicialmente, a Covax se propunha a vacinar as pessoas até que o mundo atingisse imunidade de rebanho (algo em torno de 70% da população).
Agora, a OMS assume que a capacidade prevista do consórcio será para vacinação de 20% a 30%. Então, a recomendação do órgão é por cautela redobrada e ações não farmacológicas de controle, como testes em massa, rastreio de contágio, uso de máscaras e isolamento social estratégico.
Fonte: Rede Brasil Atual