Movimento de jovens ambientalistas ‘Fridays For Future’ busca chamar atenção para a necessidade de agir quanto às mudanças climáticas. Em São Paulo, manifestação ocorre às 17h, no Vão do Masp
São Paulo – Jovens do mundo todo organizados no movimento Fridays For Future iniciam nesta sexta-feira (24) a segunda greve global pelo clima de 2021. A mobilização destaca a necessidade de agir imediatamente para reduzir o risco de eventos climáticos cada vez mais catastróficos. E alerta que os próximos anos serão cruciais para evitar que o planeta atinja 1,5 grau Celsius de aumento na temperatura média, uma meta estabelecida no Acordo de Paris.
No Brasil, estão previstas ações em 27 cidades de 12 estados e em Brasília. Na capital paulista, uma manifestação está marcada para esta tarde, no vão do Masp, na Avenida Paulista, às 17h. (Confira a lista completa clicando aqui).
Os ativistas também apontam que a pandemia de covid-19 demonstrou que os governantes têm condições de reagir de forma rápida e investir verbas para confrontar graves problemas que ameaçam a população. Porta-voz de Clima e Justiça do Greenpeace, Pamela Gopi, que apoia a mobilização dos jovens, explica que o objetivo da greve é amplificar as vozes que alertam para as mudanças climáticas.
“Para mostrar que nós não temos uma planeta ‘b’ e que o momento é agora caso a gente queira reverter e impedir que o aumento da temperatura da terra se eleve já na próxima década, como indicam mais de 185 cientistas no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). O motivo principal é alertar principalmente as lideranças de nosso país a tomarem decisões efetivas para que não tenhamos um futuro mais catastrófico”, adverte Pamela.
Ativista do Fridays For Future Brasil, Daniel Holanda explica que não se pode falar em mudanças climáticas sem falar de justiça social. Ele ressalta que eventos catastróficos como enchentes e secas atingem primeiro as populações mais pobres. Além disso, Daniel também observa que não se trata simplesmente de aquecimento global, como se fosse uma questão de temperaturas mais quentes. Mas sim de eventos climáticos cada vez mais extremos e com consequências cada vez mais graves.
“Acredito que a expressão ‘aquecimento global’ está meio antiga, já não é mais usada atualmente. Porque já existem inúmeras pesquisas, e o relatório do IPCC concluiu isso recentemente, que estamos vivendo uma ‘mudança climática’. Ou seja, as temperaturas se tornaram mais extremas. Então o calor, a chuva, a seca são eventos climáticos que se tornaram mais intensos e frequentes. Nessa nossa greve global pelo clima estamos trazendo com a hashtag #DescolonizeOSistema algo inédito para gente. Estamos tentando trazer um contexto social e ambiental e correlacionar isso. Porque a gente acredita que não há justiça social sem a justiça ambiental, as duas têm que andar em complemento”, garante o ativista.
A Greve Global pelo Clima cobra ainda que os países do Norte reduzam suas emissões de gás carbônico, financiem ações climáticas e de reparação e cancelem dívidas causadas por danos de eventos climáticos extremos. O movimento também reivindica o fim da violência e da criminalização contra os povos indígenas, pequenos agricultores, pescadores e outros defensores do meio ambiente e da terra.
Pamela destaca ainda que o Brasil tem um papel fundamental nesse momento de mudança climática, mas tem caminhado na contramão das ações necessárias.
“O Brasil, por abrigar a maior floresta tropical do mundo e ter uma rica biodiversidade, ser um regulador climático por conta principalmente da Amazônia, tem um papel fundamental no momento de barrar as ações que intensificam o aumento do efeito estufa, que traz consequências graves. E quem paga essa conta primeiro são as comunidades mais vulnerabilizadas pelo Estado. Então, a importância do Brasil traz também uma grande responsabilidade para os governantes do nosso país que infelizmente, hoje, estão negando, têm um olhar negacionista para o que está acontecendo e fazem uma política de destruição. Não vemos uma política voltada a ações concretas para frear o aumento das mudanças climáticas, pelo contrário”, contesta a porta-voz do Greenpeace.
Fonte: Rede Brasil Atual