Crescimento de vagas se deve mais ao emprego sem carteira e ao trabalho por conta própria, que é recorde. Rendimento cai quase 9% em um ano
A taxa média de desemprego no país, de 13,7%, parou de subir no trimestre encerrado em julho, mas segue em nível elevado, com crescimento da informalidade e queda na renda. Estimado em 14,085 milhões, o número de desempregados caiu no trimestre (menos 676 mil), mas cresceu em 12 meses (mais 955 mil). Boa parte dos empregos criados desde abril é sem carteira ou por conta própria. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quinta-feira (30) pelo IBGE.
Segundo o instituto, o número de ocupados cresceu 3,6% no trimestre, o equivalente a 3,102 milhões de pessoas a mais no mercado. Pela pesquisa, o emprego sem carteira no setor privado aumentou mais do que o com carteira: 6% e 3,5%, respectivamente. E o trabalho por conta própria subiu 4,7%, principalmente entre os que não tinham CNPJ (5,5%). O número de trabalhadores nesse caso é recorde: 25,172 milhões. E o de pessoas sem CNPJ é o menor da série histórica.
Na comparação com julho de 2020, a diferença se ressalta. A ocupação tem crescimento de 8,6% – acréscimo de 7,014 milhões de pessoas. O emprego com carteira sobe 4,2% (1,246 milhão) e o sem carteira, 19% (1,648 milhão). Já o trabalho por conta própria aumenta 17,6% (3,766 milhões).
Assim, informa o IBGE, a taxa de informalidade subiu para 40,8% da população ocupada. Era de 39,8% há três meses e de 37,4% em julho do ano passado. Esse grupo inclui empregados sem carteira assinada, trabalhadores domésticos, sem CNPJ ou sem remuneração. Um universo de 36,3 milhões de pessoas.
“Em um ano, o número de informais cresceu 5,6 milhões. O avanço da informalidade tem proporcionado a recuperação da ocupação da Pnad Contínua”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. “Embora tenha havido um crescimento bastante acentuado no período, o número de trabalhadores informais ainda está distante do máximo registrado no trimestre fechado em outubro de 2019, quando tínhamos 38,8 milhões de pessoas na informalidade”, acrescenta.
Em relação a abril (14,7%), a taxa de desemprego caiu 1 ponto percentual. Na comparação anual (13,8%) ficou estável.
A chamada taxa de subutilização, que inclui pessoas que gostariam de trabalhar mais, foi de 28%, ante 29,7% em abril e 30,1% há um ano. Agora, são 31,7 milhões de pessoas nessa situação. Os desalentados somam 5,4 milhões, 10% a menos no trimestre e 7,3% em 12 meses. Há menos pessoas fora da força de trabalho – atualmente 74,1 milhões.
Outro sinal de que o mercado tem absorvido pessoal de menor remuneração está no serviço doméstico. O total de trabalhadores nesse setor chegou a 5,332 milhões, crescimento de 7,7% no trimestre e e 16,1% (739 mil) em um ano.
Calculado em R$ 2.508, o rendimento médio caiu 2,9% no trimestre e 8,8% em um ano. A massa de rendimentos, que soma R$ 218 bilhões, ficou estável nos dois casos.
Fonte: Rede Brasil Atual