Pesquisa indica também redução na taxa de mortalidade infantil
Em 10 anos, o programa Mais Médicos resultou em uma economia de R$ 30 milhões em internações por doenças evitáveis no SUS. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa da Universidade de Brasília, que analisou mais de 570 estudos sobre o programa, que começou a funcionar em 2013.
O trabalho desses médicos nas comunidades contribuiu para evitar internações relacionadas, por exemplo, a diabetes, hipertensão, obesidades e infartos, como explica a pesquisadora da UnB, Leonor Santos.
“Comparando a internações evitáveis nos municípios com médicos do Mais Médicos e municípios que não aderiram (ao programa), houve um impacto significativo, reduzindo as internações. O que quer dizer isso? Melhorou a qualidade de vida da população, que estava medicada, não precisou ser internada e continuou com seu processo produtivo, com sua vida familiar”, avalia a pesquisadora.
A pesquisa indica também uma redução na taxa de mortalidade infantil em municípios com índices elevados antes do programa.
Além disso, o levantamento revela a satisfação da população com o atendimento dos médicos. O servidor público Jacques Silva conta como foi o atendimento, com profissionais do Mais Médicos, na Paraíba.
“Fui atendido por um médico do programa Mais Médicos numa cidade do interior da Paraíba. Não era grave, foi em um posto de saúde, e o atendimento foi excepcional. O médico foi muito atencioso, o atendimento não é diferente do atendimento de um médico brasileiro. Os médicos cubanos, fui atendido por dois já, foram ambos bem atenciosos e bem competentes no que ofereceram como trabalho”, relata.
A pesquisa da Universidade de Brasília ainda analisou que a saída de mais de 8 mil médicos cubanos do programa, em 2018, impactou negativamente a assistência à população. Um dos dados é que 30% dos profissionais do Mais Médicos foram para localidades não prioritárias. E houve ainda a substituição indevida de 57% dos médicos contratados pelas prefeituras por profissionais do programa, como destaca a pesquisadora Leonor Santos.
“Municípios que não eram prioritários receberam médicos. Se esse médico estivesse lá onde era mais preciso, o impacto seria maior. Outra coisa que também era proibido, mas que aconteceu, era que o gestor local demitia cinco médicos que estavam lá, para receber do Mais Médicos. Não era permitido isso. O Mais Médicos era pra acrescentar equipes já existentes”, pondera.
No governo passado, o Mais Médicos foi substituído pelo programa Médicos pelo Brasil, que acabou diminuindo seu escopo de atuação.
Em 2023, o governo federal relançou o Mais Médicos, que conta hoje com a atuação de mais de 28 mil profissionais pelo país.
* Com produção de Joana Lima e Ivan Richard