O 1º de maio foi um sinal da desmobilização dos trabalhadores e do Presidente da República como agente mobilizador, foi um alerta.
por Francisco Celso Calmon
Toda tragédia na qual há mortes e desaparecimentos e os parentes choram e vivem a angústia de resgatarem os corpos, lembramos com dupla dor dos camaradas torturados, assassinados e enterrados não se sabe aonde.
Os sentimentos de todo o povo brasileiro pelos gaúchos, e registramos com louvor o esforço do governo federal para minorar os efeitos da tragédia rio-grandense, e que o presidente Lula, envolvido humanamente nesse drama, pense nas famílias que vivem há anos na esperança de que os corpos de seus parentes torturados, assassinados e desparecidos sejam resgatados e possam viver o luto e homenageá-los como heróis da democracia.
O ex-ministro Flávio Dino anunciou, o ministro Silvio Almeida prometeu, o atual ministro da justiça, substituto do Dino, Ricardo Lewandowski, manifestou-se favorável, o ministro da Defesa, porta-voz dos militares, declarou que não é contra, o que impede o presidente Lula de assinar já o decreto de recriação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos?
Comentam que a Casa Civil, Rui Costa, é que embarreira. Se é verdade, que esclareça as razões e que as discuta com os parentes e com os sobreviventes da trágica ditadura militar.
Independente se procede ou não o obstáculo e de sua autoria, o Lula não pode se furtar diante desse dever do Estado brasileiro.
Havia grande expectativa da esquerda em relação ao governo Lula, mesmo sabendo que seria de frente ampla. O governo não vem correspondendo a essas expectativas.
O tesão diminuiu, está quase no dedão do pé. Não há entusiasmo. Não há bandeiras de esquerda hasteadas, de recuo em recuo, o ato falho do Zé Dirceu, de que o governo é de centro-direita, não será falho e sim uma assertiva.
O evento do dia 1ºde maio foi um sinal da desmobilização dos trabalhadores e do Presidente da República como agente mobilizador, foi um alerta.
Podem fazer igual ao avestruz e correr o risco de perder o engajamento de parcelas das forças democráticas de esquerda ou dar a Cesar (forças armadas) o que é dele, e à soberania popular, mandamento constitucional, o que é do povo.
A cada ano os sobreviventes e os parentes vão morrendo, desalentados de esperança; será que quando a maioria não existir mais e não puder remoer, este governo carregará o fardo do remorso?
Ou é agora ou não será nunca mais. A escolha é do presidente Lula, de como quer entrar para a história!
Anistia a golpistas de ontem e de hoje é como colocá-los no pódio da democracia, é como legitimar o golpismo.
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.
FONTE: JORNAL GGN