Com milhões de doses de vacinas contra Covid-19 vencidas, Ministério da Saúde fica sem estoque

Diversas cidades já anunciaram paralisação da vacinação contra a Covid-19; Ministério trabalha na troca de imunizantes vencidos e negocia novas compras

A Secretária Estadual de Saúde (SES) do Rio Grande do Sul anunciou, no final da semana passada, que o estado não possui mais estoque de vacina contra a covid-19 para imunização da população de todas as idades. O cenário não se restringe ao Sul do país, com mais de 4 milhões de doses vencidas, o Ministério da Saúde reconhece o desabastecimento nacional.

No caso do Rio Grande do Sul, os imunizantes para adultos que ainda estavam disponíveis para envio aos municípios gaúchos venceram na última sexta-feira (18). Já em relação às vacinas destinadas ao público infantil, o Estado está sem receber lotes desde maio.

Segundo o levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), a falta de doses infantis afetou 770 municípios em setembro, com foco para região Sul. Já entre as cidades que já anunciaram a paralisação da vacinação contra a Covid-19 em outros estados estão Feira de Santana, na Bahia, e São José do Rio Preto, em São Paulo.

Vacinas vencidas
A SES gaúcha alegou que o problema se dá devido à falta de repasses por parte do Ministério da Saúde, encabeçado por Nísia Trindade, que anunciou a última grande compra de vacinas contra Covid-19 há cinco meses.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, à época foram adquiridas 12,5 milhões de doses das vacinas Comirnaty e a Spikevax, do laboratório Moderna, por R$ 725 milhões. Esses imunizantes agem contra as cepas mais recentes do vírus, como a variante XBB. Contudo, pelo menos ⅓ deste lote perdeu a validade.

Das 12,5 milhões de doses, o ministério repassou 8,26 milhões de unidades aos estados, enquanto cerca de 4,2 milhões de vacinas estavam no estoque da pasta. Dessas últimas, a Moderna já coletou 1,2 milhão de unidades para trocar por doses com validade mais longa. Já as 3 milhões de vacinas restantes deverão ser substituídas em dezembro por um modelo mais atual da farmacêutica, adaptado à cepa JN.1.

Apesar do contrato emergencial com a moderna, o documento foi assinado depois do planejado pela pasta e as doses só começaram a ser entregues ao Sistema Único de Saúde em maio. Além disso, a empresa ainda entregou vacinas com validade mais curta do que o contrato fechado. O ministério, então, pediu em agosto a troca das doses, sem cobrança adicional.

No mês passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitiu a importação de 1,2 milhão de vacinas com validade até 2025 para substituir os lotes já recolhidos pela farmacêutica. Porém, essas vacinas ainda precisam passar por inspeção antes da distribuição para a rede pública.

Aquisição de novas doses
Em meio a este cenário, o Ministério da Saúde informou que fez um pregão para a aquisição de mais 69 milhões de doses de vacinas contra cepas atualizadas para. O Instituto Serum, da Índia, e a multinacional farmacêutica Pfizer, ganharam os itens em disputa, mas os contratos ainda estão em negociação.

A manifestação da SBI
Ao jornal O Globo, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) afirmou que o número de vacinas contra a Covid-19 adquiridas pelo governo neste ano não foi suficiente e que campanhas de comunicação não estão conseguindo influenciar de forma positiva na cobertura vacinal para a doença.

Vale ressaltar que só este ano foram registradas 5.160 mortes provocadas pela Covid, que desde 2019 é a doença infecciosa que mais mata no país.

FONTE: JORNAL GGN