Jaques Wagner sobre corte de gastos: “Ninguém fala nada sobre bancos, dividendos e grandes fortunas”

Senador participou do TVGGN 20H e analisou a dificuldade do governo Lula ao ter de reconstruir o país e políticas sociais após gestão Bolsonaro

O programa TVGGN 20H da última terça-feira (12) contou com a participação do senador Jaques Wagner (PT), para comentar os rumos da política até a eleição de 2026, além dos desafios para a esquerda tanto no governo, quanto nas disputas eleitorais, tendo em vista o avanço da extrema-direita.

A primeira constatação do convidado foi o cerco ao governo do presidente Lula (PT), exercido pelo congresso, mídia e Faria Lima (centro financeiro em São Paulo), para que a atual gestão não dê certo.

“E você sabe que o grande, vamos dizer, poderio do projeto nosso, encabeçado pelo Lula, é o poderio de prosperar a vida das pessoas, de olhar para as pessoas mais carentes, e de fazer todo o trabalho social que ele fez nos oito anos, depois continuado pela Dilma”, afirma Wagner.

Oposição
Um dos principais assuntos políticos é a pressão da mídia e de empresários pelo corte de gastos. Porém, o senador afirma que enquanto alguns sucumbem à farra das emendas, outros resistem. “Inclusive o presidente tem dado declarações recentes, dizendo o seguinte: ‘Vem cá, vai cortar só do social? Vai cortar só dos mais carentes?’ Ninguém fala nada de imposto sobre dividendos, sobre as fortunas, sobre os bancos brasileiros, que são a maior taxa de retorno do mundo, 22%, 23%, 24%, 25%. Uma taxa de retorno dessa é o paraíso para o investidor financeiro.”

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O senador lembrou ainda a forte oposição que o chefe de Estado enfrenta no Congresso, particularmente pelos membros do PL, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e que almejam obstruir a atual gestão.

“Aí, amigo, eu acho que o PT tem de, na verdade, se abraçar com essas causas principais mesmo, que modernizam, evidentemente, a sua linguagem, a abordagem, que encarem as mudanças no mundo do trabalho. Mas não pode abandonar aquilo que é a essência da nossa criação e da existência, é de que ser um partido voltado para o social, para o fim da extrema pobreza, da miséria, da fome.”

Eleições 2026
O senador ressaltou ainda que a próxima disputa presidencial tende a ser desafiadora para o PT porque, ao receber o país destruído após a gestão Bolsonaro, o atual governo teve de reconstruir políticas já realizadas em outros mandatos petistas. Tirar o país novamente do mapa da fome, por exemplo, foi uma das demandas.

“Por isso que, às vezes, as pessoas dizem: ‘Mas está fazendo o quê? Porque é verdade. Algumas das coisas que a gente está tendo que fazer são talvez coisas que as pessoas já viram. Só que foram desmontados esses alicerces, porque você não constroi um país de sonhos, de projeto, de vida, de prosperidade, se o mínimo da base não estiver construído, que é um salário mínimo razoável, que é atendimento na área de educação, de saúde, e agora o item segurança”, relata.

Jaques Wagner ressalta ainda que o sonho de um projeto de país precisa ser atualizado, a fim de propor soluções para questões modernas, entre elas a nova dinâmica das relações de trabalho, muitas vezes intermediadas por aplicativos.

Fonte: Jornal GGN