No dia internacional pelo fim da violência contra as mulheres, a ONU cobra “cultura de tolerância zero” sobre esses casos
Pelo menos 85 mil mulheres, entre jovens e adultas, foram assassinadas de forma intencional em 107 países do mundo no ano passado. Esses dados foram reunidos em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) lançado nesta segunda-feira (25), dia internacional pelo fim da violência contra as mulheres.
A publicação chama atenção para um fato: o lar ainda é o local mais perigoso para mulheres. Dos 85 mil assassinatos registrados, 60% das vítimas (51 mil) foram mortas por seus parceiros íntimos ou familiares. Ou seja, todos os dias, um feminicídio é praticado a cada 10 minutos no planeta.
Em 2023, a África registrou as maiores taxas de feminicídios cometidos por parceiros íntimos e familiares, com 21,7 mil vítimas. Já na Europa e nas Américas, a maioria das mulheres assassinadas no ambiente doméstico foram vítimas de parceiros íntimos, 64% e 58%, respectivamente. Em outras regiões do mundo os principais agressores foram membros da família.
A publicação produzida pela ONU Mulheres e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) destaca que a violência contra mulheres continua generalizada e “transcende fronteiras, condições socioeconômicas e grupos etários”. Contudo, a ONU alerta que muitas dessas mortes poderiam ser “evitadas” a partir de mecanismos concretos de apoio às vítimas e de penalização dos agressores.
“A violência contra mulheres e meninas não é inevitável, é prevenível”, disse Sima Bahous, diretora-executiva da ONU Mulheres. “Precisamos de legislação robusta, melhora na coleta de dados, maior responsabilização governamental, uma cultura de tolerância zero e o aumento do financiamento a entidades de defesa dos direitos das mulheres”, prosseguiu Bahous, no comunicado de lançamento do estudo.
Ghada Waly, diretora do UNODC, também ressaltou que o “o novo relatório sobre feminicídios destaca a necessidade urgente de sistemas de justiça criminal eficazes que responsabilizem os perpetradores, ao mesmo tempo em que garantam apoio adequado para as sobreviventes, incluindo acesso a mecanismos seguros e transparentes de denúncia“.
“Ao mesmo tempo, precisamos confrontar e desmantelar os preconceitos de gênero, os desequilíbrios de poder e as normas prejudiciais que perpetuam a violência contra as mulheres”, completou.
Em mensagem sobre o dia internacional pelo fim da violência contra as mulheres, o secretário-geral da ONU, António Guterresse, afirmou que esses registros “envergonham a humanidade”. “Nenhum país ou comunidade fica imune aos efeitos. E a situação está piorando. Precisamos de ação urgente por justiça e responsabilização. Vamos unir forças para acabar com o flagelo da violência contra mulheres e meninas em todos os lugares”, escreveu ele, em publicação nas redes sociais.
FONTE: JORNAL GGN