Oposição prepara ofensiva com CPIs para travar o governo

Com governo mais confortável na Câmara sob Hugo Motta, oposição articula CPIs para pressionar o Planalto e tentar paralisar pautas estratégicas

Enquanto o governo se prepara para um cenário mais favorável na Câmara dos Deputados em 2025, com a provável sucessão de Arthur Lira (PP-AL) pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), a oposição traça uma estratégia para manter a pressão sobre o Palácio do Planalto. Um membro da articulação política do governo revelou à coluna que, diante da dificuldade de emplacar debates que mobilizem o público, a oposição aposta na instalação de uma série de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para criar desgaste e paralisar o governo.

Entre as CPIs que já tramitam na Mesa da Câmara, os temas variam de episódios de assédio moral e sexual na administração pública até denúncias envolvendo a compra de leite e o combate às queimadas. Também há pedidos para investigar os gastos da primeira-dama, abusos em inquéritos relacionados aos atos de 8 de janeiro e os critérios de demarcação de terras indígenas.

Segundo a fonte, a oposição pretende “cercar o governo por todos os lados até encontrar um tema que ‘pegue’”. A intenção é criar uma chuva de investigações simultâneas, dificultando o avanço de pautas estratégicas do Executivo.

Entre as CPIs que estão no radar do governo, destacam-se:

Compra de Leite: Investigará possíveis irregularidades nas aquisições governamentais de leite.
Episódios de Assédio Moral e Sexual: Apurará denúncias de assédio no âmbito da administração pública.
Combate às Queimadas: Analisará a eficácia das políticas governamentais no enfrentamento às queimadas.
Gastos da Primeira-Dama: Examinará despesas associadas às atividades da primeira-dama.
Abusos nos Inquéritos do 8 de Janeiro: Investigará possíveis excessos nas investigações relacionadas aos eventos de 8 de janeiro.
Demarcação de Terras Indígenas: Avaliará os processos e critérios utilizados na demarcação de terras indígenas.
Correios: Apurará denúncias de corrupção e irregularidades na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
A sucessão na Câmara e o impacto na articulação

O governo vê na possível eleição de Hugo Motta à presidência da Câmara um alívio em relação à gestão de Arthur Lira. Embora Lira tenha sido peça-chave para a aprovação de medidas importantes, seu estilo de negociação foi marcado por tensão e exigências constantes ao Planalto. Com Motta, avalia-se que o governo terá mais tranquilidade para avançar com projetos prioritários.

A estratégia da oposição, no entanto, pode representar um desafio adicional. A instalação de CPIs, além de consumir tempo e energia política, tem potencial de mobilizar a opinião pública contra o governo, especialmente em temas sensíveis, como as investigações relacionadas à primeira-dama e as políticas ambientais.

O papel da articulação política

Para evitar que as CPIs comprometam a agenda legislativa, o governo precisará intensificar a articulação com sua base parlamentar, garantindo que os pedidos de investigação sejam analisados com critérios rigorosos. Além disso, a escolha de Hugo Motta como sucessor de Lira será determinante para definir o espaço de manobra do Planalto diante dessa ofensiva.

Com a aproximação de 2025, a disputa política na Câmara promete ser intensa, com a oposição buscando enfraquecer o governo e o Executivo se articulando para manter o controle da pauta legislativa.

FONTE: REVISTA FÓRUM