Fraudes no INSS que desviaram R$ 6,3 bilhões começaram em 2019, no governo Bolsonaro, e só passaram a ser investigadas sob Lula
O escândalo das fraudes que desviaram mais de 6 bilhões de aposentadorias e pensões, que culminou na demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, nesta quarta-feira (23), teve início em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, e começou a ser investigado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023 – primeiro ano do terceiro mandato do petista.
Desde 2019, cerca de R$ 6,3 bilhões foram desviados por meio de descontos não autorizados aplicados sobre aposentadorias e pensões. A investigação começou a ser feita em 2023, logo após Lula assumir a presidência, pela Controladoria-Geral da União (CGU), que identificou o aumento do número de entidades e dos valores descontados dos aposentados. Segundo o órgão, associações e sindicatos descontavam valores de mensalidades diretamente na folha dos beneficiários do INSS, sem que eles soubessem.
Nesta quarta-feira, no âmbito das investigações, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Sem Desconto, cumprindo 211 mandados de busca e apreensão, além de seis mandados de prisão temporária e sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão. O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido por Lula logo após a operação.
Em coletiva de imprensa, o Controlador-Geral da União Vinícius Carvalho destacou que as fraudes vinham desde 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, e começaram a ser investigadas em 2023, primeiro ano do governo Lula.
“Em 2023 nós começamos na CGU uma série de apurações sobre o aumento do número de entidades e dos valores descontados dos aposentados. Importante destacar que esses descontos não começam em 2023 lá atrás, e eles vêm em um crescente ao longo dos anos e, a partir de 2023, quando nós assumimos o governo, os técnicos da CGU identificaram o aumento desses descontos ao longo dos anos, nós começamos essa apuração”, declarou.
“Não é uma situação que aconteceu agora. A apuração começou em 2023, mas esses descontos já vinham sendo realizados anteriormente”, reforçou Vinícius Carvalho.
Na mesma coletiva de imprensa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, deu detalhes sobre a operação da PF que desbaratou o esquema de fraudes no INSS.
Embora Alessandro Stefanutto – nomeado por Lula para a presidência do INSS em julho de 2023 – seja o principal alvo político da operação neste momento, os dados da investigação reforçam que o modus operandi das fraudes se instalou ainda na administração anterior, sem que mecanismos efetivos de controle tivessem sido adotados ao longo do tempo. Stefanutto, que é procurador federal de carreira, já trabalhava no INSS antes do início do governo Lula como diretor de Finanças e Logística.
Fontes ligadas à investigação relatam que os primeiros sinais de irregularidades já apareciam em auditorias internas ainda em 2020, mas as ações efetivas para coibir os descontos indevidos foram proteladas.
Os principais detalhes da investigação foram levados pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta quarta-feira, durante reunião no Palácio da Alvorada. Também participam das discussões sobre o caso o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e o ministro da CGU, Vinícius Carvalho.
FONTE: REVISTA FÓRUM