Cuidar do meio ambiente é proteger a saúde, alerta pesquisador da Fiocruz

Em live comemorativa dos 121 anos da instituição, especialista defende controle sobre as causas do surgimento de novas epidemias

São Paulo – A preservação do meio ambiente e da biodiversidade foi defendida hoje (26) como estratégia para evitar o surgimento de novas pandemias e preservar a saúde. Em live promovida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que está comemorando 121 anos, o pesquisador Gonzalo Bello Bentancor alertou que o tema ainda não recebe a devida atenção.

“A sociedade e a comunidade científica ainda não se debruçaram adequadamente para impedir que outras epidemias aconteçam. Uma coisa é controlar uma epidemia. Mas o que provoca essas epidemias? Por que estamos tendo tantas epidemias nos últimos 20 anos?”, questionou, referindo-se à H1N1, Chikungunya, Zika e à volta da febre amarela e do sarampo.

Pesquisador do laboratório de Aids e Imunologia da Fiocruz, Bentancor defende um esforço multidisciplinar para universalizar a compreensão de que a saúde do meio ambiente está ligada à saúde humana. Isso porque, segundo ele, a espécie humana não está isolada das demais que a rodeiam e nem do ambiente onde vive.

Meio ambiente e saúde

“A conservação e a biodiversidade têm de ser aspectos fundamentais na saúde humana. A mudança climática está por trás de todas essas emergências. A gente não pode ficar combatendo a epidemia da vez, mas também as causas subjacentes que têm a ver com a destruição de habitats. O tráfico de espécies selvagens, trazidas de seus ambientes para o centro urbano, espalha vírus e agentes patógenos”, disse.

Segundo destacou, a abordagem por meio das diversas áreas da ciência e do conhecimento é fundamental. Para o combate ao vírus há o conhecimento da virologia, imunologia, epidemiologia e a construção de modelos matemáticos, que permitem a melhor compreensão do mecanismo que leva ao surgimento de doenças, como se propagam na população e como podem ser combatidas.

“Mas temos o vírus do negacionismo. E esse a gente não vai combater com virologia, imunologia e microbiologia. A gente precisa combater com ciências sociais, comportamentais. Tem o problema social e as formas que as pessoas se informam, como a gente faz chegar a informação da ciência que fazemos, como fazer que as pessoas entendam e interpretem a informação de forma correta para que não caiam nas conversas de notícias falsas que dificultam e muito o combate à doença”, questionou.

Fonte: RBA