A crise sanitária, o aumento do desemprego e a inflação contribuíram para que 45,6% sentissem que sua situação financeira piorou. Pobres e nordestinos são os mais atingidos, mostra Datafolha
Quase a metade dos brasileiros sentiu que a vida piorou na pandemia. Para 45,6% da população, a situação financeira ficou mais difícil; outros 41,7% mantiveram o mesmo padrão e apenas 12,6% afirmam que houve uma melhora em seus rendimentos. Os dados são da pesquisa Datafolha, realizada nos dias 7 e 8 de julho.
Para analistas, a crise sanitária, a redução para menos da metade do auxílio emergencial durante a pandemia do novo coronavírus, a diminuição no número de pessoas atingidas pelo programa, a inflação nos preços dos alimentos, das tarifas de energia e dos combustíveis, além do índice de desemprego que atingiu 14,7% da população são os principais motivos que levaram os brasileiros a ter a vida financeira deteriorada sob o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL).
O Datafolha mostra ainda que a piora na vida tem cor e estrato social. Os não brancos tiveram maiores perdas financeiras, assim como os mais pobres. A crise atingiu em maior escala os brasileiros de cor amarela (56%), preta (51%) e parda (46%) do que branca (42%).
Entre os que têm renda familiar de até dois salários mínimos (R$ 2.200), 54% afirmam que a situação financeira piorou. Esta percepção diminui para 37%, dos que ganham de dois a cinco salários mínimos (R$ 5.500). Para os que ganham até 10 dez salários mínimos (R$ 11.000), a vida ficou mais difícil para 25%. Já os que têm renda acima de 10 dez salários mínimos, 22% dizem que sua situação piorou.
Quem não se abateu na crise foram os mais ricos. Para 59% deles nada mudou, mas para outros 19% a situação financeira até melhorou, o que confirma outras pesquisas que mostram que a desigualdade social cresceu na pandemia com o aumento da concentração de renda.
Nordeste é a região mais atingida pela crise
Por regiões do país, os nordestinos foram os mais atingidos negativamente pela crise. A piora na situação financeira foi sentida por 49% dos moradores, seguido pela população do Sudeste (46%) e da região Sul (45%). Nas regiões Centro-Oeste e Norte, predominam os entrevistados que dizem não ter sentido mudanças (46%).
Desempregados e com pouco estudo, os mais atingidos
Sete em cada 10 brasileiros desempregados afirmam que a situação está mais difícil do que antes da pandemia. Para quem tem pouco estudo se a situação já estava difícil, com a crise da covid, piorou.
Dos que têm estudo até o fundamental, 51% sentem que a situação financeira se agravou. Entre os que têm ensino superior isto é percebido por 40% dos pesquisados.
Mesmo para quem não está desempregado a sensação de piora na vida é alta. Ela é sentida por 51% dos autônomos e donas de casa ; 46% dos estudantes e por 44% de quem desistiu de buscar emprego.
Auxílio emergencial
Entre os 2.074 brasileiros pesquisados pelo Datafolha, 39% disseram ter recebido o auxílio emergencial no ano passado. Mas neste ano, apenas 58% dos que foram contemplados em 2020 continuaram a receber o benefício, com valor reduzido.
A pesquisa Datafolha tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Fonte: CUT