Sistemas de pontuação e produtividade para a jornada de trabalho dos/as servidores/as: os impactos de sua adoção
O sistema de pontuação e produtividade se insere na lógica capitalista de exploração do/a trabalhador/a, passando a mensurar a capacidade de trabalho do/a servidor/a pela quantidade que ele/a produz, isso implica em ampliação das horas trabalhadas e substituição da jornada de trabalho definida em lei e arduamente conquistada, pois para atingir as metas abusivas estipuladas pela gestão, o/a servidor/a terá que trabalhar muito mais. Além disso, estimula a competição exacerbada, o individualismo, reduz a qualidade do trabalho, a qualidade de vida dos/as servidores/as, causa adoecimentos pelas pressões e sobrecargas e dificulta cada vez mais o trabalho em equipe e a reflexão e organização dos/as trabalhadores/as que estão cada vez mais distantes e sem tempo para refletir coletivamente e até individualmente.
As alterações no mundo do trabalho com a reestruturação produtiva, inserção das novas tecnologias, traz impactos na intensificação e precarização do trabalho. No âmbito do INSS, com a implantação do teletrabalho, trabalho semipresencial e o sistema de trabalho por produtividade (pontuação), o governo acaba se utilizando do argumento da “modernização” para exercer maior controle e exploração dos/as trabalhadores/as da autarquia, com um discurso de maior “liberdade” para quem aderir a essas modalidades. Mas o que ocorre de fato é que o/a servidor/a acaba tendo que arcar com os custos do trabalho e trabalhando muito mais horas por dia, o que tem impacto tanto na qualidade do serviço prestado como na sobrevivência material e saúde dos/as servidores/as, visto que o seu salário depende do cumprimento dessas metas.
Tudo isso mostra que o INSS quer extinguir a jornada de trabalho e vincular nossas remunerações à produtividade, intensificando e precarizando o trabalho, com grande possibilidade de redução das nossas remunerações. Essas medidas demonstram que a reforma Administrativa já está em curso.
Devemos nos organizar, refletir e construir estratégias de enfrentamento coletivas. As reclamações e insatisfações precisam sair do campo do individual, deixar de serem comentários em grupos ou conversas seletivas e passar a representar a voz uníssona de todos e todas.
Precisamos fortalecer as entidades sindicais, participar dos seus espaços como base ou direção, cobrar e construir estratégias de luta e resistência, pois estamos diante de um desmonte total do INSS e de todas as políticas e serviços públicos, com mudanças estruturais nas nossas relações de trabalho e perda dos nossos direitos duramente conquistados e só com a luta e resistência coletiva conseguiremos nos contrapor a todo esse desmonte estrutural.
A CRISE ECONÔMICA DO PAÍS NÃO É CULPA DA CLASSE TRABALHADORA!
OS (AS) SERVIDORES (AS) PÚBLICOS PRECISAM REAGIR DIANTE DA RETIRADA DE SEUS DIREITOS!
Maria Crizeuda Freire de Castro
Assistente Social do INSS/Diretora do SINPRECE – Gestão 2017/2020