Gilmar Mendes: “Fabricação artificial de crises afasta o país dos problemas reais”

Em crítica direcionada ao presidente Bolsonaro, o ministro também afirmou que é “hora de reordenar prioridades’

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes usou as redes sociais neste domingo (22) para criticar o pedido de impeachment realizado pelo presidente Jair Bolsonaro contra o seu colega Alexandre de Moraes, e afirmou que “fabricação de crises artificiais” atrapalha o país.

“A fabricação artificial de crises institucionais infrutíferas afasta o país do enfrentamento dos problemas reais. A crise sanitária da pandemia, a inflação galopante e a paralisação das reformas necessárias devem integrar a agenda política. É hora de reordenar prioridades”, escreveu Gilmar Mendes.

A crítica de Gilmar Mendes acontece logo após que o presidente Bolsonaro resolveu pedir o afastamento de Moraes. Mesmo sem citar nome, fica subentendido que a crítica se endereça ao presidente.

Pedido de impeachment de Alexandre de Moraes

No mais grave ataque ao Poder Judiciário, Jair Bolsonaro, por meio de um documento de 102 páginas dirigido ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), encaminhou, nesta sexta-feira (20), o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida provocou muitas críticas de congressistas.

O presidente, em seu delírio persecutório, relaciona no documento o que considera uma série de irregularidades cometidas pelo ministro do STF. A partir disso, pede sua destituição do cargo por crime de responsabilidade. E não é só: quer, ainda, que seja aplicada a Alexandre de Moraes a pena de oito anos de inabilitação a cargo público.

“Não se pode tolerar medidas e decisões excepcionais de um Ministro do Supremo Tribunal Federal que, a pretexto de proteger o direito, vem ruindo com os pilares do Estado Democrático de Direito. Ele prometeu a essa Casa e ao povo brasileiro proteger as liberdades individuais, mas vem, na prática, censurando jornalistas e cometendo abusos contra o Presidente da República e contra cidadãos que vêm tendo seus bens apreendidos e suas liberdades de expressão e de pensamento tolhidas”, diz um trecho do texto, assinado somente por Bolsonaro, sem a participação do Advogado-Geral da União, Bruno Bianco.

“Tenho a plena convicção que não pratiquei nenhum delito, não violei lei, muito menos atentei contra a Constituição Federal. Na verdade, exerci o meu direito fundamental de liberdade de pensamento, que é perfeitamente compatível com o cargo de Presidente da República e com o debate político”, alega.

Fonte: Revista Fórum