Nas últimas 24 horas foram 1.150 mortes por covid-19. Enquanto isso, Ministério da Saúde anuncia, em reunião com governadores, expectativa de 230 milhões de doses de vacinas até julho
O Brasil volta a registrar hoje (17) mais de mil mortos por covid-19 em um período de 24 horas. Foram mais 1.150 novas vítimas da doença no período, totalizando 242.090 óbitos desde o início do surto, em março. No mesmo período, foram notificados 56.766 novos infectados, comprovando que a epidemia do coronavírus no Brasil segue fora de controle. Os dados são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
Além do surto fora de controle, novos estudos acendem alertas sobre o poder de letalidade da covid-19. Artigo publicado na sexta-feira (12) pela revista científica Journal of Infection confirmou a primeira morte de um brasileiro por reinfecção, no ano passado. Um paciente, homem de 44 anos, foi infectado pela primeira vez no dia 8 de maio. Após apresentar sintomas leves e boa recuperação, no fim de junho teve novo diagnóstico da doença. Desta vez, o quadro clínico evoluiu drasticamente e resultou em morte no dia 24 de julho.
Desde o dia 21 de janeiro a média diária de mortes, calculada em sete dias, está acima de mil. Já o número diário de novos casos supera a média do pior momento da pandemia até então, entre junho e setembro, desde o dia 19 de dezembro.
Enquanto isso, o processo de vacinação segue lento, com apenas 2,64% da população tendo recebido ao menos uma dose de uma das vacinas contra a covid em uso no país. Também hoje, a vacinação em massa no país completa um mês.
Com grande atraso, o Ministério da Saúde divulgou hoje (17) um calendário para recebimento dos imunizantes. Isso, após um mês que a primeira brasileira foi vacinada, em São Paulo. Em reunião com governadores, a pasta afirmou que vai receber 230 milhões de doses até julho. De imediato, a expectativa é para a entrega de 3,4 milhões de doses da CoronaVac. De acordo com o Instituto Butantan, as vacinas serão repassadas para o governo federal a partir de terça-feira (2).
A escassez de vacinas levou cidades a abortarem o programa de vacinação. Até o momento, 2,64% dos brasileiros receberam uma primeira dose, pouco mais de 5,6 milhões, de acordo com levantamentos dos estados, consolidados em balanço da Universidade Johns Hopkins dos Estados Unidos. Até o momento, pouco menos de 6 milhões de pessoas já foram vacinadas.
O cronograma do Ministério da Saúde ainda apresenta fragilidades, mas foi bem recebido no geral pela comunidade científica. Um dos problemas está no entrave para a autorização da vacina russa Sputnik V. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária está colocando barreiras na aprovação do imunizante, que já tem estudo de eficácia publicado em revista científica estrangeira e já está em aplicação massiva em países como México, Argentina e Rússia.
O imbróglio persiste desde o dia 15 de janeiro, quando a farmacêutica União Química pediu aval da agência para uso emergencial. A Anvisa pediu uma série de informações complementares sobre a vacina, o que provocou uma onda de críticas, especialmente de governantes do Nordeste. O estado da Bahia, do governador Rui Costa (PT), atua diretamente no processo para garantir doses da Sputnik.
Na quinta-feira (11), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, compareceu ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre a lentidão no processo de imunização dos brasileiros. Ele disse que o governo considera a Sputnik e espera o recebimento de um número considerável de doses da vacina russa contra a covid já a partir de março.
O Ministério da Saúde apresentou, em seu cronograma, a expectativa de recebimento de doses de quatro vacinas diferentes contra a covid. Além da CoronaVac e da AstraZeneca, que já possuem aprovação e circulam em baixa quantidade no país, são esperadas: Sputnik V (União Química/Instituto Gamaleya/Rússia); e a Covaxin (Precisa Medicamentos/Barat Biontech/Índia).
A vacina da AstraZeneca, elaborada em parceria com a universidade de Oxford e testada no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), virá de duas fontes. A primeira, a partir de negociação direta com o governo brasileiro, a segunda através do consórcio Covax Facility, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para distribuir vacinas para países que enfrentam dificuldades no processo de imunização.
O fluxo apresentado pelo Ministério da Saúde possui as seguintes expectativas:
AstraZeneca: 2 milhões em janeiro (entregues); 2 milhões em fevereiro; 19,2 milhões em março; 31,3 milhões em abril; 28,6 milhões em maio; 36,6 milhões em junho; 3 milhões em julho.
Total: 123 milhões
CoronaVac: 8,7 milhões em janeiro (entregues); 9,3 milhões em fevereiro; 18,1 milhões em março; 15,9 milhões em abril; 6 milhões em maio; 6 milhões em junho; 13,5 milhões em julho.
Total: 77,6 milhões
Sputnik V: 400 mil em março; 2 milhões em abril; 7,6 milhões em maio
Total: 10 milhões
Covaxin: 8 milhões em março; 8 milhões em abril; 4 milhões em maio
Total: 20 milhões
Ainda existem negociações paralelas de governadores para aquisição de mais vacinas contra a covid. A partir do segundo semestre, também é esperada uma produção mais intensa de doses da CoronaVac e da AstraZeneca. Hoje, o país depende de insumos importados da China e da Índia para a produção das doses, mas como os contratos destas vacinas contra a covid compreendem transferência de tecnologia, a Fiocruz e o Instituto Butantan devem começar a elaborar os fármacos totalmente no Brasil. Também é possível uma produção acelerada da Sputnik V, através de um laboratório (a ser aprovado) da União Química localizado no Distrito Federal.
FONTE: REDE BRASIL ATUAL
FOTO: André Santos/Prefeitura de Uberaba