Vacinas QDenga, incorporadas ao SUS, começaram a ser distribuídas em fevereiro, mas adesão ainda é baixa
A partir de hoje (18), a vacina contra a dengue QDenga está disponível para crianças entre 6 e 16 anos em todo o Brasil. A decisão da ministra da Saúde, Nísia Trindade, visa garantir a proteção das crianças contra a doença, tendo em vista o risco de vencimento das doses em estoque.
“Estamos ampliando, de forma temporária, a faixa etária para as vacinas da dengue que vencem no dia 30 de abril nos municípios que estejam com risco de perdê-las. Em um primeiro momento, orientamos que elas sejam estendidas às crianças e jovens de 6 a 16 anos”, escreveu a ministra em suas redes sociais nesta manhã. “Em último caso, elas podem ser ampliadas para todas as pessoas para as quais a Anvisa aprovou a vacina: na faixa etária entre 4 e menos de 60 anos. A segunda dose estará garantida para todos que se vacinarem”, acrescentou.
Este ano, o país vem enfrentando uma das suas piores epidemias de dengue. O Brasil alcançou um marco alarmante de 2 milhões de casos prováveis da doença só nas 11 primeiras semanas de 2024. Os dados foram registrados pelo Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde em março. Além disso, foram confirmadas 682 mortes em decorrência da doença, e mais de mil casos ainda estão sob investigação.
Apesar da explosão de casos, a adesão à vacina contra a dengue ainda é baixa. Em pouco mais de um mês de campanha, apenas 30,8% das doses distribuídas foram aplicadas até março. Dados do Ministério da Saúde indicam que, entre 9 de fevereiro e a semana passada, 381.029 doses foram utilizadas de um total de 1.235.236 já distribuídas. Entre as causas que podem estar contribuindo para a baixa adesão, está a disseminação de desinformação.
A vacina Qdenga esteve disponível em 521 municípios brasileiros selecionados pelo Ministério da Saúde em fevereiro. O imunizante, desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda, foi aprovado pela Anvisa em março de 2023 e, em dezembro, foi incorporado ao SUS (Sistema Único de Saúde). Apenas 250 mil doses das 1,2 milhão distribuídas para 521 municípios brasileiros foram aplicadas, de acordo com o dados do Departamento do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde.
Devido à quantidade limitada de vacinas disponíveis, o SUS havia estabelecido critérios específicos para a aplicação:
Antes, o público-alvo incluía apenas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo que registra o maior número de hospitalizações pela doença, ficando atrás apenas dos idosos. Indivíduos que não se enquadram no grupo prioritário podem procurar a vacina na rede particular.
A vacina é contraindicada para idosos acima de 60 anos, mulheres grávidas ou em fase de amamentação, pessoas alérgicas a componentes da vacina e pessoas imunocomprometidas, como aquelas com HIV ou que estão em tratamento que afeta o sistema imunológico.
A dose é recomendada independentemente de infecção prévia. No entanto, para aqueles que foram infectados recentemente, a orientação é aguardar seis meses para receber o imunizante. Aqueles que forem diagnosticados com a doença no intervalo entre as duas doses devem manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.
FONTE: REVISTA FÓRUM