“Em vez da vida, deputados estão preocupados com os próprios interesses”, diz militante sobre PL do Aborto

Para combater os retrocessos propostos pelos fundamentalistas, integrante do Coletivo Juntas! ressalta o papel dos movimentos sociais

Um dos principais temas da semana foi a votação do projeto de lei 1.904/24, que equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas ao homicídio, aprovado em regime de urgência para ser votado na Camara dos Deputados na última semana. 

Desde então, a temática tem movimentado a internet e os movimentos sociais, que ganharam as ruas para reivindicar contra a medida, sob o lema de que “criança não é mãe”. 

Para debater a questão, o jornalista recebeu a militante do Coletivo Juntas! e da Frente Estadual pela Legalização do Aborto Ana Luiza Trancoso, para falar sobre os próximos passos do movimento para pressionar os parlamentares e governos a agirem contra o PL. 

É um retrocesso gigantesco, pois é um ataque aos direitos já conquistados. Desde 1940, o Código Penal deixa quais são os casos de aborto legal e isso a gente tem sempre tentado avançar na pauta. Agora a bancada fundamentalista quer retroagir absurdamente”, resumiu Ana Luiza.

A entrevistada chamou a atenção ainda para a aprovação “de maneira grotesca” feita pelos deputados: em apenas 23 segundos, os parlamentares aprovaram a urgência para que o PL entrasse na pauta da Câmara na última quarta-feira (12). 

Porém, a medida causou uma mobilização espontânea nas redes sociais, com a qual foi possível organizar a primeira manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, logo no dia seguinte. “Isso mostra o calor que é fundamental para a gente aproveitar e, de fato, ir para as ruas, porque a gente sabe o que está em jogo”, acrescenta a militante. 

Além da causa

Para Ana Luiza, engana-se quem pensa que os deputados favoráveis ao PL estão “preocupados com a vida”. O que os move, na verdade, são os próprios interesses, especialmente o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que almeja garantir o seu sucessor em janeiro de 2025. 

“Os fundamentalistas se pegam nas pautas morais para tentar conseguir captar o apoio da população, mas não têm condições de manter isso a longo prazo”, pontua a militante.

Os membros do Legislativo federal costumam achar ainda que a população vai seguir acreditando no discurso demagogo que eles apresentam. Por isso, para a entrevistada, este é o momento de os movimentos sociais tomarem as ruas, a fim de colocar o debate na mídia e tentar mudar a consciência coletiva da população. 

Ana Luiza ressalta, ainda, a importância do trabalho de coletivos compostos por mulheres religiosas, em especial as católicas e evangélicas, que fazem um trabalho longínquo de legalização do corpo e do aborto.  

Confira a entrevista na íntegra no canal da TVGGN:

Fonte: Jornal GGN