A expectativa é atrair cerca de R$111 bilhões em investimentos com a produção de uma energia renovável inovadora; gastos com tecnologia e infraestrutura para o projeto estão na ordem dos US$ 2.5 bi
O Rio Grande do Norte quer atrair bilhões em investimento estrangeiro para a produção de uma energia renovável promissora: o Hidrogênio Verde (H2V).
Produzido a partir de fontes renováveis (energia eólica e solar, por exemplo), o H2V é “um vetor energético universal”, de acordo com a Unifei, e pode ser produzido e utilizado sem emissão de dióxido de carbono (o maior causador do aquecimento global): por isso o apelido “verde”.
O RN não é o único estado a ter desejos de avançar na produção dessa fonte limpa de energia — já se avistam projetos do tipo no RJ, na Bahia, no Piauí e no Ceará —, mas tem o projeto mais robusto até então, tanto em investimentos como em pretensão.
O Complexo Industrial Alto dos Ventos, em Macau, teve um investimento na casa dos 2.5 bilhões de dólares (ou R$12,9bi), e é um projeto da Nordex em parceria com a Acciona (ambas empresas europeias de energia; alemã e espanhola, respectivamente). Numa área de 10 hectares, o projeto instalou aerogeradores (equipamentos para a captação e geração de energia eólica) para a produção de 1 gigawatt de H2V.
As empresas ainda buscam o licenciamento ambiental do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) para a construção de novas bases em outras cidades do estado. Esses empreendimentos são listados num estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec) — a expectativa é produzir mais de 5GW de energia e gerar investimentos de 20 bilhões de dólares no estado (que corresponderiam a cerca de R$111 bilhões).
Para a produção do H2V, são necessários alguns fatores ambientais predominantes, como a presença de ventos (em alta velocidade) e uma reserva expressiva de água, ambos abundantes no estado. É necessário, ainda, investir em tecnologia e infraestrutura para produção e escoamento (inclusive para o mercado internacional), como plantas de eletrólise, tanques de armazenamento e dutos para transporte seguro.
A Agência Internacional de Energia (AIE) previu, em 2019, um aumento da demanda global por energia de até 30% no ano 2040 — isto é, uma subida continuada e expressiva das emissões de C02 por fontes de energia não-renováveis, como petróleo e carvão. Tecnologias para a produção energética por fontes alternativas e renováveis são, portanto, parte da agenda sustentável incentivada mundialmente.
H2V
Uma das metas estipuladas pela ONU para o desenvolvimento sustentável é a descarbonização do planeta até 2050; nesse cenário, o papel de energias renováveis como o Hidrogênio Verde vai ganhar importância exponencial ao longo dos próximos anos.
A produção de H2V pode poupar até 930 milhões de toneladas/ano de C02 — isso significa a geração de até 3 mil terawatts/hora anuais (o que corresponde à demanda de energia elétrica de toda a Europa).
Apesar disso, o custo da implantação de tecnologia para a produção do H2V ainda é alto, o que torna fundamental ter fontes robustas de investimento. A maior parte dos projetos hoje é liderada por empresas estrangeiras em parceria com os governos dos estados.
FONTE: REVISTA FÓRUM