Por que a vacina contra a pólio não é mais de gotinha?

Mudança traz mais segurança e atende a normas internacionais; Zé Gotinha continuará em cena

A partir desta segunda-feira (4) o Brasil não vai mais aplicar doses em gotas da vacina contra a poliomielite. A mudança, anunciada em setembro pelo Ministério da Saúde, finaliza um processo de transição do esquema vacinal em curso há cerca de um ano.

Apesar de a substância oral representar impacto histórico na erradicação da doença, a injeção é considerada mais segura e eficaz. Ela contém o vírus inativado e é conhecida como Vacina Inativada contra a Poliomielite (VIP).

Já o imunizante líquido carrega o microrganismo atenuado e é chamado de Vacina Oral contra Poliomielite (VOP). As duas substâncias têm riscos baixíssimos, mas a VIP está ainda mais à frente nesse quesito.

A substituição é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que há mais de uma década considera a injeção como essencial para a erradicação global da poliomielite.

Desde 2019, ela está presente em todas as nações do mundo, mas devido ao custo e à praticidade, as gotinhas seguem no esquema vacinal de diversas nações. No continente americano, por exemplo, apenas Uruguai, Canadá, Estados Unidos e Costa Rica conseguiram fazer a transição completa para a vacina injetável.

No Brasil, a recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização, entidade do Ministério da Saúde, que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a doença.

Até o ano passado, as crianças brasileiras eram vacinadas com três doses de injeção antes dos seis meses de idade e duas doses de reforço em gotinhas aos 15 meses e aos quatro anos.

Agora o processo de imunização vai contar com quatro doses injetáveis. As três iniciais devem ser aplicadas aos dois, quatro e seis meses de idade. Uma dose de reforço está prevista para os 15 meses.

Zé Gotinha fica!

Símbolo da vacinação no Brasil há quase 40 anos, o personagem Zé Gotinha não vai ficar sem função, mesmo com a mudança na vacinação da pólio. Segundo o Ministério da Saúde, ele segue como parte das campanhas de conscientização em todo o território nacional.

Criado pelo artista plástico Darlan Rosa, o Zé Gotinha nasceu em 1986. Na época, o Brasil fazia parte de um esforço continental para erradicação da pólio até 1990. Zé Gotinha foi responsável por uma mudança substancial na comunicação sobre vacinas para a população.

Antes dele, as campanhas eram pautadas no risco e no medo da doença e dialogavam apenas com os adultos. O personagem significou uma ponte direta com as crianças e informações mais acessíveis para o grande público.

Edição: Martina Medina

FONTE: BRASIL DE FATO