Além do desmatamento, a ação também pode contaminar os peixes que, posteriormente, são consumidos
Dando prosseguimento a política do governo Bolsonaro de “passar a boiada”, o garimpo ilegal de ouro na Terra Indígena Sararé, que fica entre Pontes e Lacerda (MT), avançou nos últimos anos e isso pode alterar o ecossistema local.
Atualmente existem três garimpos ilegais na região e que tem trazido danos ao meio ambiente. Além de produzir desmatamento, a ação polui o solo e a água dos rios.
Em entrevista ao G1, a pesquisadora Áurea Ignácio, da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), afirma que a contaminação pode alterar o processo de reprodução dos peixes;
“Contamina a água, contamina o solo, contamina o sedimento, contamina os peixes e quem comer o peixe acaba se contaminando, pode alterar o processo reprodutivo, pode alterar o processo respiratório, são diferentes e bem prejudiciais os efeitos do mercúrio”, explicou a pesquisadora.
Hoje, aproximadamente 180 indígenas da etnia Nambikwara vivem na Terra Indígena Sararé.
Antes dos garimpeiros iniciares as atividades ilegais, a área foi cercada e os acessos bloqueados.
Ao longo desta semana, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra os garimpos ilegais na região.
“Tudo que afeta esse meio ambiente, que afeta o rio, a natureza, afeta diretamente o povo indígena que depende dela. Os donos das máquinas vão responder por desmatamento, mineração ilegal e usurpação de bens da união e em alguns casos, também por posse ilegal de arma e organização criminosa”, declarou Edimar Kejejeu, da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso.
A Polícia Federal (PF), com apoio das Forças Armadas, destruiu 69 dragas, mais de 30 balsas, prendeu um garimpeiro e apreendeu ouro em operação contra o garimpo ilegal, no último dia 27, no Rio Madeira, na Amazônia.
Duas lanchas rápidas da PF saíram na frente do comboio para evitar uma eventual debandada dos garimpeiros.
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou nesta quarta-feira (24) “repressão emergencial” e desarticulação do garimpo ilegal de ouro no rio Madeira e afluente, na cidade de Autazes.
A recomendação do MPF pedia que órgãos e autarquias federais e estaduais atuassem de forma integrada para desmobilizar o garimpo ilegal. Foi estipulado um prazo de 30 dias para tomadas de medidas.
Dessa maneira, o MPF cobrou providências do Exército, por meio do Comando Militar da Amazônia; da Superintendência da Polícia Federal no Amazonas; da Agência Fluvial de Itacoatiara, unidade da Marinha encarregada do rio Madeira; do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), da presidência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da superintendência da Agência Nacional da Mineração (ANM) no Amazonas.
Fonte: Revista Fórum